segunda-feira, 26 de setembro de 2011

A importância de ser alguém


"O quê você quer ser quando crescer?"

Aposto uma trufa de brigadeiro em como você já teve a resposta pra essa pergunta na ponta da língua. Eu já tive várias, cada uma mais convicta que a outra. Enquanto meus dentes de leite caíam, cheguei a responder que gostaria de ser professora, veterinária e dubladora de desenhos animados.
E hoje, quando dão uma de Orkut e lhe fazem a indagação "quem é você?", qual a sua resposta? Pra mim, responder que é "estudante de engenharia vulcânica feliz e de bem com a vida", ou o pior de todos: "ADVOGADO", sempre foi um atestado de babaquice (se você que está lendo isso se define como tal, não se ofenda ainda, prometo que sairá ganhando no final do post).
Passei maior parte da vida convencida de que se enquadrar num determinado estereótipo, ou reduzir-se a apenas um dos vários aspectos da vida, era sinal de falta de personalidade. Ou seja, sempre confundi erroneamente autoconhecimento (coisa linda de Deus) com a assunção de um rótulo (alerta ridículo! alerta ridículo!), duas coisas completamente diferentes. Resultado: hoje enxergo um letreiro neon com a palavra "PERDIDA" piscando em minha testa. Se eu for parar para contar os rumos que já pensei em tomar na vida só este ano, devo somar uns 10, no mínimo. E o único caminho que sigo é da minha cama pro banheiro, da cama pra cozinha e da cama pra terapia (resolvi criar vergonha na cara e fazer em vez de alugar os coitados dos meus amigos como se fosse a evangélica louca que pegou a cadeira vizinha no busão).
Amigos, saber quem você é e o que você quer da vida aparentemente importa. E muito. Por isso eu invejo você, advogado feliz e de bem com a vida torcedor do Atlético de Poranguá do Norte. Eu já fiz muitas escolhas nessa vida, mas infelizmente nenhuma delas revela quem eu sou. Gosto de muitas coisas, mas não tenho paixão por nenhuma delas. E, pensando melhor, talvez o motivo dessa falta de definição seja exatamente baixa autoestima, que me faz menosprezar todo e qualquer traço de personalidade genuinamente meu que venha a se manifestar.
"Grande novidade, você não é a primeira mocinha de vinte e poucos que não sabe pra onde vai. É só uma fase passageira." OK, oráculo invisível da sabedoria, sei que o Sr. está coberto de razão.
Já sei do meu problema há muito tempo, mas só agora descobri sua causa. Sei que não posso mais continuar seguindo um caminho determinado só porque alguém disse que seria melhor, pois isso já não é mais suficiente. Na vida adulta, muitas vezes nos deparamos com uma série de caminhos, e somos obrigados a fazer escolhas que requerem muito mais responsabilidade que um pedido de lanche no Mc Donalds.
"Ser alguém" não é necessariamente ter status, dinheiro ou reconhecimento. É basicamente saber o que lhe agrada e o que lhe é insuportável. Ter certeza a respeito de suas principais virtudes e limitações. Se não descobrir o seu valor, você nunca passará de uma pessoa insegura, vulnerável às adversidades da vida e à opinião alheia.
Não é possível que nesses 23 anos de vida eu não tenha algo que me seja peculiar, que me defina e que possa me ajudar a encontrar segurança nas escolhas que tenho a fazer daqui pra frente. Acredito que o primeiro passo para conseguir essa definição seja prestar mais atenção e dar a devida importância a coisas que normalmente eu desprezaria, como minha opinião sobre assuntos do cotidiano. "Mas como assim você não valoriza sua própria opinião?" Como ser pensante que acredito ser, apesar dos pesares, obviamente apresento diferentes reações ao que acontece à minha volta, seja negativa/postivamente/com indiferença. Como tenho o costume de me menosprezar, sempre partindo do pressuposto de que meu pensamento e o de uma mosca possuem o mesmo nível de influência no Universo, acabo não atentando para nenhum dessas ideias e deixo de desenvolver raciocínios completos. Logo, quase todas as minhas "opiniões" nunca passam de meras impressões (vide o nome do blog), de achismos ou de ideias inacabadas. E eu nunca passei de uma pessoa insegura que não sabe ao certo o que quer.
Tenho chegado à conclusão de que a chave para se fazer a escolha menos passível de arrependimentos posteriores é seguir o caminho que mais se identifica com quem você é. Qualquer um que aparente ser mais conveniente do que aquele que mais lhe deixa à vontade ou aquele com que você sempre sonhou (nível de breguice subindo a níveis estratosféricos) não passa de uma ilusão. É melhor investir um certo tempo pensando a esse respeito do que viver uma vida que não lhe pertence, arriscando perder seu precioso tempo com algo que no fundo você sabe que não quer (condição de que quero me livrar). Daqui pra frente pretendo trabalhar minhas convicções, vontades e gostos. Se eu tiver que mudar de opinião, o que é natural, trocarei uma postura bem definida por outra, não por um lugar em cima do muro.
Sei que pra muitas pessoas, especialmente pras que rejeitam qualquer coisa voltada pra autoajuda, este texto não traz absolutamente nenhuma novidade. Se é esse o seu pensamento, meus parabéns. Você provavelmente é uma pessoa decidida, de personalidade forte, que deve estar satisfeita com as opções que fez na vida. Almejo o mesmo e pretendo começar a busca fazendo uma significativa mudança no meu vocabulário, abolindo o verbo "achar" e toda a fraqueza que ele carrega. Não quero achar, quero (me) encontrar.

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